25.5.07

.um instante sem foco.

Uma canção abafada que cheira a coisa caseira misturada com frio intenso e dores baixas e passageiras. Um instante sem foco. O bilhetinho eletrônico denuncia seu arrependimento e agora se pode dormir com alivio no coração. Acorda assustado no meio da noite, sente o gelo da madrugada e aos poucos percebe nada perdeu. Não perde mais o sono, logo mais é cedo e tão cedo pra realizar seus planos infantis. Logo esse instante estranho dos perdidos vai se tornar história velha e vai buscar lá nos braços de sempre o abraço que renunciou. Sacolejar no trem da felicidade calma, dos dias de saudade, nesse primeiro ano de seus novos suspiros. Dorme na nuvem que o abraça, em lençóis tão iguais e invejados. Dorme calmo pois logo irá acordar. Seu instante triste e sem foco é só a punhalada daquela coisa que sempre o salvou no último minuto. Mas mais uma vez o pesadelo acabou e ele pode vomitar os parafusos e os sapatos desamarrados e se preparar pra ir na rodoviária. Basta acordar na próxima manhã de maio.