17.9.07

Nada de nada de nadinha de nada

Quase escrevi um texto engraçado. Destes com rimas fáceis, sonoros, divertidos, pensados demais. Quase escrevi algo que fizesse você rir pra falar do recomeço. Como sempre, você que não é você. Você que apenas uma massa sem cor, sem modelagem, sem cheiro e sem som. Você que é apenas uma massa que ainda insisto caber na forma que tenho em casa. Você que injustamente chamo de você. Ora porque não quero lhe dar nome, ora porque penso que você não existe, ora porque você já existe e conhece o meu olhar. Você, a quem não sei mais se espero ou se procuro, em algum lugar deve estar. Volto a becos escuros procurando uma forma de me enganar. De enganar mais um dia, tapear algumas horas, acordar tarde, com um gosto amargo de final que não acaba. Estou recomeçando. Não há o que faço melhor do que recomeçar. Se estamos recomeçando todos os dias então estou falando desse recomeço consciente. Aquele repleto de promessas, de listas com tarefas, frases proféticas, posturas reguladas, metas traçadas, estratégias debatidas com os amigos. É deste, e novamente deste recomeço que falo. Mais uma vez. É quando percebo que é um breu, aparentemente como aqueles becos, mas com saídas para todos os lados. Vou subir num caixote alto, ver a cidade, repetir canções de dias apertados e pensar em você que ainda é uma massa sem forma, sem nada, sem nada de nada de nadinha de nada de coisa alguma. Você que é apenas um pronome. Estou te esperando, ou procurando. Não sei. Você sabe que é você, então venha logo ou faça um sinal.

2 comentários:

Anônimo disse...

Amo você. E-Miller

Anônimo disse...

amei...beijos