Viveria melhor num mundo sem despedidas, rompimentos e finais tristes. Tenho vinte e sete anos e ainda choro por perdas como quando era uma criança. Só que de vez ser choro pra fora, escândalo, é choro pra dentro, covarde.
Tenho três traumas: ser esquecido no colégio aos seis anos, ter pego aos dezesseis Carlinhos comendo a minha irmã na garagem, não por ela, mas por ele que era a minha primeira paixão. E agora esse ponta pé que estou tomando.
Deveria existir um vácuo, um buraco negro entre uma relação e outra. O mundo deveria ser devastado por uma bomba atômica louca assim que descobrimos que não somos mais os culpados por calafrios, batedeira no peito, tremedeira nas pernas ou ereção fora de hora. E só voltar a ser mundo quando, após uma noite quente e íntima de sexo surpreendente, ouvir um sincero “eu te amo”.
Mas eu sou um ser patético. A vida não é assim e Marcelo sabe disso. Término é um ritual. Começa com o terrível “precisamos conversar”, segue com um encontro frio e nebuloso num restaurante ou lugar público, pra evitar histerias ou choros deprimentes e humilhantes. A pessoa fala fala fala fala, toma um gole, fala fala fala e não fala nada com nada, porque na verdade quer apenas dizer “não dá mais”.
Não dá mais significa: não quero mais te beijar, nem abraçar ou transar. Não quero mais dormir de conchinha, dividir a escova de dentes, rir das suas piadas sem graça, pegar na sua mão dentro do cinema, em fim, não quer fazer nada, sobretudo tarefas que exijam intimidade entre você e ela.
Marcelo me poupou um pouco disso. Falou pouco, o mínimo. Comemos em silêncio. Pagou a conta, isso amortiza o remorso. Não ousamos falar nada no caminho de volta. E depois de um até logo, me dei conta que ele se foi, atravessando a rua e fugindo do meu campo de visão, uma metade de mim, e que não há nada que eu pudesse fazer para impedir tal perda.
Aquele escritor argentino tem razão, ninguém se separa. As pessoas se abandonam. Essa é a verdade, a verdade verdadeira. O amor pode ser recíproco, mas o fim do amor não, nunca.
Não sei se queria ter tal consciência das coisas, mas se não existe o tal big-bang do amor pra pulverizar tudo, temos é que continuar. Os dias que se seguem a um fora, é como se exilar no frio da Sibéria, com milhares de pessoas olhando pra você com piedade. Com um reality show dramático.
Tenho três traumas: ser esquecido no colégio aos seis anos, ter pego aos dezesseis Carlinhos comendo a minha irmã na garagem, não por ela, mas por ele que era a minha primeira paixão. E agora esse ponta pé que estou tomando.
Deveria existir um vácuo, um buraco negro entre uma relação e outra. O mundo deveria ser devastado por uma bomba atômica louca assim que descobrimos que não somos mais os culpados por calafrios, batedeira no peito, tremedeira nas pernas ou ereção fora de hora. E só voltar a ser mundo quando, após uma noite quente e íntima de sexo surpreendente, ouvir um sincero “eu te amo”.
Mas eu sou um ser patético. A vida não é assim e Marcelo sabe disso. Término é um ritual. Começa com o terrível “precisamos conversar”, segue com um encontro frio e nebuloso num restaurante ou lugar público, pra evitar histerias ou choros deprimentes e humilhantes. A pessoa fala fala fala fala, toma um gole, fala fala fala e não fala nada com nada, porque na verdade quer apenas dizer “não dá mais”.
Não dá mais significa: não quero mais te beijar, nem abraçar ou transar. Não quero mais dormir de conchinha, dividir a escova de dentes, rir das suas piadas sem graça, pegar na sua mão dentro do cinema, em fim, não quer fazer nada, sobretudo tarefas que exijam intimidade entre você e ela.
Marcelo me poupou um pouco disso. Falou pouco, o mínimo. Comemos em silêncio. Pagou a conta, isso amortiza o remorso. Não ousamos falar nada no caminho de volta. E depois de um até logo, me dei conta que ele se foi, atravessando a rua e fugindo do meu campo de visão, uma metade de mim, e que não há nada que eu pudesse fazer para impedir tal perda.
Aquele escritor argentino tem razão, ninguém se separa. As pessoas se abandonam. Essa é a verdade, a verdade verdadeira. O amor pode ser recíproco, mas o fim do amor não, nunca.
Não sei se queria ter tal consciência das coisas, mas se não existe o tal big-bang do amor pra pulverizar tudo, temos é que continuar. Os dias que se seguem a um fora, é como se exilar no frio da Sibéria, com milhares de pessoas olhando pra você com piedade. Com um reality show dramático.
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