24.2.07

Dream come true

Tive sonhos em dias passados. Um batuque primitivo. Um carro moderno, uma noite quente e estrelada. Uma avenida a beira mar. A onda batendo vendo o mundo passar. Aquele querer misterioso. A dúvida familiar. O vazio crescente. A tristeza ali do lado sorrindo ingênua sem saber o seu papel naquela cena. Do outro lado a imensidão sem fim de possibilidades intermináveis. Repleta de doces surpresas. De castelos construídos com carinho. Camas com lençóis limpos. Sol e barulho de vento em copa de árvore. E nada, nem o querer pulsante e vivo me tirava daquela estrada de sonhos impossíveis. Quis muito sem saber o que queria. Sem saber se teria, sem saber se o terei. Sonhos e sonhos e abafadas noites no lado proibido de tudo. Naquele canto que poucos ousam caminhar. Naquelas areias sensíveis, que choram quando se pisa, de grãos delicados e brilhantes. Não se pode sair dali sem tais sonhos, sem que se queira sair. Esperei que fosse pra mim. Entoado ao som de instrumento familiar. Comigo você não pinta e não borda. Não faz declaração no meio da rua. Será que não permito tal deslize? Será que faço errado em mergulhar no mar? Viveu lá as várias possibilidades do amor, de forma doentia, sem saber se amava, sem que lhe dessem a esperança. E talvez estejam todos cansados demais para atravessar de lá pra cá. Não há mais “kamikazes”. Há palavras velhas escritas e imortalizadas em peitos fechados que recorrem a velhos amores para não ter que fazer a viagem até aquele lado, onde a noite é abafada, onde a areia choraminga e onde os sonhos te levam ao fim.

3 comentários:

Cristiano Contreiras disse...

vive-se a possibilidade de um sentimento mais sublime, diante do cotidiano pulsante de inúmeras sensações...

Anônimo disse...

"Camas com lencóis limpos"

Ana Passos disse...

lindo, lindo.. o coração até aperta...
bjones e saudades!