17.8.06

Então seja assim, livre.

Amanhã. Falo sobre isso amanhã. Desliga, repete, se veste e sai. Vida vivida no comprimido espremido dividido esfarelado nos dias que se repetem e que sempre terminam e terminam com aquela mesma música linda e triste que ninguém compreende a doçura da melancolia que carrega, na vida inteira cantada ali em refrões repetidos e despidos de todas as mesmices curvadas no sul. Os dias são assim, repetições de magias e de esperas avançadas e impensadas. Palavras mal colocadas, exercício de desprezo, sofrimento deixado de lado, sorriso largo, piada pronta e lá vai mais um dia. As emoções desconexas, a foto do amável desconhecido colore sonhos permitidos e traz novidades degelando as calotas de sentimentos empilhados no canto escuro do último quarto no último andar do último prédio oposto àquele onde fica o adorável apartamento azul. Então o sonho vai tomando ritmo, as palavras vão saindo e tudo se cria. O desconhecido toma a forma que quero, caminha pelas calçadas de meus dias, me faz sorrir e me querer bem e melhor. Invento seus defeitos, me divirto com suas vontades e os desejos que estou sempre pronto a saciar. E não me arrependo das palavras que não gosto de usar ou das frases que tenho que pular, ele está ao meu lado e já posso sorrir como na tarde em que vi sua foto pela primeira vez entre tantas outras. E quando deito, já deve ser noite e quando há noite agora eu deito, percebo que meu desconhecido é apenas o alimento de dias melhores. É o sonho que permito cultivar acordado, é o motivo de tudo isso, é a volta pra casa, é a espera dos dias melhores que sempre chegam. E tudo isso pelo desconhecido. Será que tenho sonhado sonhos possíveis?

Um comentário:

Anônimo disse...

Hum... É bom encontrar coisa boa. Beijos. E.
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