INT. / QUARTO DE DECO / MANHÃ
Um pequeno ventilador branco de hélices azuis vira de um lado para o outro. Move-se lento e com baixo ruído. Fitinhas coloridas de Nossa Senhora Aparecida estão amarradas na armação branca que protege as hélices. As fitinhas balançam com o vento. Dormindo em sua cama está o jovem DECO. Sem camisa, veste apenas um pequeno short preto do Corinthians. Dorme largado, espalhado pela cama, de barriga para baixo e abraçando o travesseiro. Da janela, próxima à cabeceira da cama, vê-se uma das janelas da casa vizinha.
INT. / QUARTO DE CÉSAR / MANHÃ
Próximo à janela do quarto de CÉSAR, um jovem franzino e tímido, está a cômoda de onde apressadamente tira, debaixo de algumas roupas, uma fita VHS com o título “Colegiais Gulosas”. Liga a TV, coloca a fita no vídeo cassete. Ouve-se gemidos e o zíper de sua calça. Ajoelhado na frente da TV, CÉSAR se masturba.
EXT. / VARANDA DA CASA DE DONA GILDA / MANHÃ
DONA GILDA, mãe de DECO, mulher de meia idade, um pouco acima do seu peso, está entre a porta da varanda e a da sala. Esfrega as mãos no avental angustiada. Olha para o corredor, extensão da sala, onde ao final está a escada que sobe para o andar superior. Olha para a varanda da casa vizinha. Continua esfregando o avental angustiada. Passa por ela, vindo de dentro da casa, o PEDREIRO com uma lata repleta de entulho. DONA GILDA dá passagem ao homem, que ao fundo despeja o entulho numa caçamba colocada na frente do portão da casa. O PEDREIRO volta, passa por DONA GILDA, ela novamente dá passagem, nota, saindo na varanda da casa vizinha, SEU ARMANDO, homem também de meia idade, de feições fechadas e aparência militar.
EXT. / VARANDA DA CASA DE SEU ARMANDO / MANHÃ
SEU ARMANDO, de sua varanda, vê DONA GILDA angustiada com as mãos dentro do avental. Olha para a vizinha com olhar ameaçador. Desce o lance de escadas que dá na garagem, abre o portão e percebe o carro de DECO estacionado em frente ao seu portão.
EXT. / RUA, FRENTE DA CASA DE SEU ARMANDO / MANHÃ
Enfurecido, SEU ARMANDO vira-se na direção da janela do quarto do filho de DONA GILDA, que observa angustiada de sua varanda.
Um pequeno ventilador branco de hélices azuis vira de um lado para o outro. Move-se lento e com baixo ruído. Fitinhas coloridas de Nossa Senhora Aparecida estão amarradas na armação branca que protege as hélices. As fitinhas balançam com o vento. Dormindo em sua cama está o jovem DECO. Sem camisa, veste apenas um pequeno short preto do Corinthians. Dorme largado, espalhado pela cama, de barriga para baixo e abraçando o travesseiro. Da janela, próxima à cabeceira da cama, vê-se uma das janelas da casa vizinha.
INT. / QUARTO DE CÉSAR / MANHÃ
Próximo à janela do quarto de CÉSAR, um jovem franzino e tímido, está a cômoda de onde apressadamente tira, debaixo de algumas roupas, uma fita VHS com o título “Colegiais Gulosas”. Liga a TV, coloca a fita no vídeo cassete. Ouve-se gemidos e o zíper de sua calça. Ajoelhado na frente da TV, CÉSAR se masturba.
EXT. / VARANDA DA CASA DE DONA GILDA / MANHÃ
DONA GILDA, mãe de DECO, mulher de meia idade, um pouco acima do seu peso, está entre a porta da varanda e a da sala. Esfrega as mãos no avental angustiada. Olha para o corredor, extensão da sala, onde ao final está a escada que sobe para o andar superior. Olha para a varanda da casa vizinha. Continua esfregando o avental angustiada. Passa por ela, vindo de dentro da casa, o PEDREIRO com uma lata repleta de entulho. DONA GILDA dá passagem ao homem, que ao fundo despeja o entulho numa caçamba colocada na frente do portão da casa. O PEDREIRO volta, passa por DONA GILDA, ela novamente dá passagem, nota, saindo na varanda da casa vizinha, SEU ARMANDO, homem também de meia idade, de feições fechadas e aparência militar.
EXT. / VARANDA DA CASA DE SEU ARMANDO / MANHÃ
SEU ARMANDO, de sua varanda, vê DONA GILDA angustiada com as mãos dentro do avental. Olha para a vizinha com olhar ameaçador. Desce o lance de escadas que dá na garagem, abre o portão e percebe o carro de DECO estacionado em frente ao seu portão.
EXT. / RUA, FRENTE DA CASA DE SEU ARMANDO / MANHÃ
Enfurecido, SEU ARMANDO vira-se na direção da janela do quarto do filho de DONA GILDA, que observa angustiada de sua varanda.
SEU ARMANDO
Ô vagabundo!!! Acorda vagabundo!!! Quantas vezes já não falei pra você não estacionar esse lixo de carro na frente do meu portão?
Ô vagabundo!!! Acorda vagabundo!!! Quantas vezes já não falei pra você não estacionar esse lixo de carro na frente do meu portão?
INT-EXT. / VÁRIOS / MANHÃ
QUARTO DE DECO
DECO dorme esparramado em sua cama.
DECO dorme esparramado em sua cama.
SEU ARMANDO (V.O.)
Ei vagabundo! Acorda seu moleque!
Ei vagabundo! Acorda seu moleque!
DECO abre o olho, se vira, esfrega os olhos. Senta na cama sonolento.
SEU ARMANDO (V.O.)
Isso que dá não ter pai! Vira Tudo vagabundo!
Isso que dá não ter pai! Vira Tudo vagabundo!
DECO levanta, e tira um revólver debaixo do travesseiro e o coloca na cintura.
ESCADA E CORREDORES DA CASA DE DONA GILDA
DECO, ainda sem camisa, descalço e com a arma na cintura, desce as escadas furioso. Passa apressado pelo corredor que separa a escada e porta da sala. DONA GILDA tenta impedi-lo no meio do corredor.
ESCADA E CORREDORES DA CASA DE DONA GILDA
DECO, ainda sem camisa, descalço e com a arma na cintura, desce as escadas furioso. Passa apressado pelo corredor que separa a escada e porta da sala. DONA GILDA tenta impedi-lo no meio do corredor.
DECO
Sai da frente, velha!
Sai da frente, velha!
DECO empurra a mãe, que cai no chão do corredor.
RUA, FRENTE DA CASA DE SEU ARMANDO.
Ao sair da varanda da casa da mãe, DECO esbarra com o PEDREIRO e anda em direção à SEU ARMANDO.
DECO
Quem é o vagabundo? Fala? Quem é?
Quem é o vagabundo? Fala? Quem é?
SEU ARMANDO e DECO ficam cara a cara.
SEU ARMANDO
É você, seu merdinha...
É você, seu merdinha...
DECO ameaça tirar o revolver da cintura.
SEU ARMANDO
Não tenho medo desse seu brinquedo não, moleque!
Não tenho medo desse seu brinquedo não, moleque!
DECO
Eu só não mato o senhor porque era amigo do meu pai...
Eu só não mato o senhor porque era amigo do meu pai...
DECO abre a porta do carro e sai cantando pneu.
INT. / CORREDOR DA CASA DE DONA GILDA / MANHÃ
Caída, DONA GILDA ouve o barulho de pneu cantando contra o asfalto. Ao levar a mão ao canto da boca, percebe estar sangrando, levanta com dificuldade.
INT. / QUARTO DE CÉSAR / MANHÃ
CÉSAR continua se masturbando, ouve-se os gemidos vindo da TV. Ouve-se também a buzina de um carro.
EXT. / CARRO DE SEU ARMANDO / MANHÃ
Sentando ao volante de seu carro, SEU ARMANDO, buzina chamando por seu filho CÉSAR.
SEU ARMANDO
Menino que tá sempre atrasado.
Menino que tá sempre atrasado.
Buzina novamente.
INT. / QUARTO DE CÉSAR / MANHÃ
Os gemidos vindos da TV são mais intensos, as buzinas também. CÉSAR se apressa. A mão procura por um pedaço de papel higiênico no carpete do quarto, o encontra. CÉSAR ejacula. Levanta o rosto sentindo o prazer. As buzinas continuam. Quando acaba, abaixa a cabeça no sentido contrário, ofegante, e com feição de arrependimento, CÉSAR desliga a TV e o vídeo cassete. Novamente ouve a buzina.
EXT. / VARANDA DA CASA DE SEU ARMANDO / MANHÃ
CÉSAR sai pela varanda da casa ajeitando a mochila nas costas e tomando um suco em caixinha. Tranca a porta apressado. Olha para a varanda da casa vizinha e DONA GILDA, passando um lenço no canto da boca, acena sorrindo o cumprimentando. CÉSAR retribui com um sorriso afetuoso. Desce o lance de escadas, tranca o portão da garagem e entra no carro do pai.
EXT. / CARRO DE SEU ARMANDO / MANHÃ
CÉSAR entra no carro e fecha a porta.
SEU ARMANDO
Estamos atrasados de novo...
Estamos atrasados de novo...
CÉSAR em silêncio observa a paisagem pelo vidro do carro.
SEU ARMANDO
É Isso que dá não ter um pai. (pausa) Tá vendo, você reclama de não ter uma mãe. (pausa) Cada vez mais acredito que hoje em dia é melhor ter um pai do que uma mãe...
É Isso que dá não ter um pai. (pausa) Tá vendo, você reclama de não ter uma mãe. (pausa) Cada vez mais acredito que hoje em dia é melhor ter um pai do que uma mãe...
CÉSAR continua olhando a paisagem indiferente ao que o pai diz.
UM FIM QUE UM DIA CONTINUA...
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