23.3.06

Porque Totó não procurou por Elena depois que Alfredo morreu?

Certamente por que ele não é você ou eu. Nem sempre as histórias terminam como gostaríamos. Muito raro quando fazem o que queremos, do jeito que achamos o certo. E quando isso acontece, se torna chato, previsível e não é digno de ir para a minha prateleira de favoritos.
Tudo na minha vida é assim: listado, catalogado, separado, dividido em favoritos e o resto. Favoritos são os que me surpreendem, me peitam, me aborrecem, me deixam de queixo caído, me apóiam resmungando, me empurram com o coração partido. Favoritos são aqueles que nos provocam, que nos fazem pensar, pelos quais choro de raiva e pelos quais choro de saudade. Favoritos, apesar de estar no plural, são poucos. As pessoas estão ocupadas demais para nos surpreender, ou envolvidas em seus problemas inventados. Os filmes não nos surpreendem por que acham que agora o importante é tudo aquilo que é fácil de digerir, que dá retorno, que enche ainda mais bolsos já repletos de mesmices.
Então aos meus favoritos, os quais não revelo nem aos próprios, continuem me chutando e me acariciando. Continuem me surpreendendo, assim como fez Totó, assim como faz os bons heróis, ainda que na magia do cinema.

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