Sai feliz do consultório do infectologista. Muitos me chamariam de louco mas é exatamente assim que me sinto: feliz! Querem que eu acredite que era o fim da linha pra mim? Não! Agora é que quero viver. Nesse tempo certo-incerto que foste desde sempre e que agora surge pra mim como um desafio bom de querer pessoas boas e bons momentos.
A doença não pode ser maior que esse desejo. E se todo desejo é um desejo de morte eu vou dar uma de chato e de pirraça vou inverter tudo. Meu desejo é um desejo incontrolável de vida! Vai ser assim, só pra atrapalhar o processo. Pra fazer diferente. Só de pirraça vou teimar. Vou teimar de viver tudo de uma vez. Dormir e no dia seguinte, viver tudo mais uma vez. E quando me cansar, ainda cansado, viver mais e mais e mais e mais.
Portanto, tudo diferente daqui pra frente. Chega de lágrimas e lamentações. Quando eu sair desse elevador o mundo, ah mundo, vai conhecer o novo vivente alucinado que irei me tornar. Em poucos instantes vou ver o sol, as pessoas, as bancas de frutas, os brancos dos olhos, o azul do céu, o verde dos canteiros, tudo vai ser mais, mais que tudo isso, mais que palavras bonitas ou acasos dessa vida.
O elevador pára.
O que? O elevador parou? Logo agora! Alguém me tira daqui! Tenho uma vida pra viver! Ninguém me ouve. Que situação! É só ficar tranqüilo. Respirar uma, duas, três vezes. Logo alguém me tira daqui. Socooooorro! Eu tô preso no elevador! Alguém me ajuda! Como ninguém me ouve? Parece até coisa de filme. Já sei! O botão de emergência! Apertei! Agora é esperar.
10 minutos depois
Vou sentar um pouco. A essa hora eu estaria sorrindo para o Sol, para as pessoas na rua, afagando cachorros pulguentos, mas estou aqui, preso nesse elevador prateado. Eu até gosto de prata, parece aquelas latarias espaciais que dizem que leva o homem pro espaço. Que coisa mais ridícula! O homem na lua. Porque devo acreditar nisso? Não se consegue achar cura para doenças, não se consegue acabar com a fome, com as guerras, nem bloquear celular nos presídios conseguem, mas ir na Lua? Ah, ir na Lua é como ir em Ferraz de Vasconcelos! Um pulinho.
Agora que eu percebi. Elevador é coisa de preguiçoso! Bem, eu pelo menos fui bem preguiçoso, o consultório era no segundo andar. Por dois lances de escada eu estou aqui, preso. Igual a escada rolante. Há coisa mais esquisita do que um monte de gente numa escada rolante? E não contentes, inventaram a esteira rolante. Tem lá no Frei Caneca e vi pela televisão que tem no Congresso também. Tão coisa daquele desenho dos Jetsons.
Nessa nova vida nada de preguicites. Se o compromisso for até o quinto andar, escada. No shopping, escadas convencionais. Ir para o trabalho de bicicleta. Acordar mais cedo e caminhar no parque. Consigo até sentir o gosto dessa nova vida saudável.
Tudo muda e nada muda. Será assim mesmo? Muda o querer. Muda os sentidos, as impressões, o sensível torna regra de vida bem vivida. Parte antes negada, escondida longe da batida forte do coração cansado de mesmices. Dor poética perdida na escavação dos sentimentos escondidos dentro de si. Uma metade separada, deixada ao relento, abandonada como coisa imprestável e que agora retorna bondosa perdoando seu desertor sofrido.
O que não faz meia hora no elevador? O que não faz um pequenino vírus da morte que nos devolve a vida? É como no Vilarejo da música que toca na rádio. Lá é primavera e as portas e janelas ficam sempre abertas com flores enfeitando vestidos. Minha vida agora está aberta. Areja vento bom. Dias de sorrisos na terra de heróis. Tudo colorido, tudo em desordem e em perfeita ordem. O tempo espera. Os caminhos, os destinos, verdadeiros amores debruçados nas nuvens de algodão nos dias claros dessa nova emoção.
O elevador desce. A porta abre e dezenas de pessoas observam o homem que se abraça dentro do elevador. Ele se levanta.
Isso é felicidade. Sabem? Agora deixa eu ir que eu tenho alguns sorrisos pra sorrir. Ah! Pessoas felizes sobem pela escada!
Todos entram no elevador que sobe sem problemas.
A doença não pode ser maior que esse desejo. E se todo desejo é um desejo de morte eu vou dar uma de chato e de pirraça vou inverter tudo. Meu desejo é um desejo incontrolável de vida! Vai ser assim, só pra atrapalhar o processo. Pra fazer diferente. Só de pirraça vou teimar. Vou teimar de viver tudo de uma vez. Dormir e no dia seguinte, viver tudo mais uma vez. E quando me cansar, ainda cansado, viver mais e mais e mais e mais.
Portanto, tudo diferente daqui pra frente. Chega de lágrimas e lamentações. Quando eu sair desse elevador o mundo, ah mundo, vai conhecer o novo vivente alucinado que irei me tornar. Em poucos instantes vou ver o sol, as pessoas, as bancas de frutas, os brancos dos olhos, o azul do céu, o verde dos canteiros, tudo vai ser mais, mais que tudo isso, mais que palavras bonitas ou acasos dessa vida.
O elevador pára.
O que? O elevador parou? Logo agora! Alguém me tira daqui! Tenho uma vida pra viver! Ninguém me ouve. Que situação! É só ficar tranqüilo. Respirar uma, duas, três vezes. Logo alguém me tira daqui. Socooooorro! Eu tô preso no elevador! Alguém me ajuda! Como ninguém me ouve? Parece até coisa de filme. Já sei! O botão de emergência! Apertei! Agora é esperar.
10 minutos depois
Vou sentar um pouco. A essa hora eu estaria sorrindo para o Sol, para as pessoas na rua, afagando cachorros pulguentos, mas estou aqui, preso nesse elevador prateado. Eu até gosto de prata, parece aquelas latarias espaciais que dizem que leva o homem pro espaço. Que coisa mais ridícula! O homem na lua. Porque devo acreditar nisso? Não se consegue achar cura para doenças, não se consegue acabar com a fome, com as guerras, nem bloquear celular nos presídios conseguem, mas ir na Lua? Ah, ir na Lua é como ir em Ferraz de Vasconcelos! Um pulinho.
Agora que eu percebi. Elevador é coisa de preguiçoso! Bem, eu pelo menos fui bem preguiçoso, o consultório era no segundo andar. Por dois lances de escada eu estou aqui, preso. Igual a escada rolante. Há coisa mais esquisita do que um monte de gente numa escada rolante? E não contentes, inventaram a esteira rolante. Tem lá no Frei Caneca e vi pela televisão que tem no Congresso também. Tão coisa daquele desenho dos Jetsons.
Nessa nova vida nada de preguicites. Se o compromisso for até o quinto andar, escada. No shopping, escadas convencionais. Ir para o trabalho de bicicleta. Acordar mais cedo e caminhar no parque. Consigo até sentir o gosto dessa nova vida saudável.
Tudo muda e nada muda. Será assim mesmo? Muda o querer. Muda os sentidos, as impressões, o sensível torna regra de vida bem vivida. Parte antes negada, escondida longe da batida forte do coração cansado de mesmices. Dor poética perdida na escavação dos sentimentos escondidos dentro de si. Uma metade separada, deixada ao relento, abandonada como coisa imprestável e que agora retorna bondosa perdoando seu desertor sofrido.
O que não faz meia hora no elevador? O que não faz um pequenino vírus da morte que nos devolve a vida? É como no Vilarejo da música que toca na rádio. Lá é primavera e as portas e janelas ficam sempre abertas com flores enfeitando vestidos. Minha vida agora está aberta. Areja vento bom. Dias de sorrisos na terra de heróis. Tudo colorido, tudo em desordem e em perfeita ordem. O tempo espera. Os caminhos, os destinos, verdadeiros amores debruçados nas nuvens de algodão nos dias claros dessa nova emoção.
O elevador desce. A porta abre e dezenas de pessoas observam o homem que se abraça dentro do elevador. Ele se levanta.
Isso é felicidade. Sabem? Agora deixa eu ir que eu tenho alguns sorrisos pra sorrir. Ah! Pessoas felizes sobem pela escada!
Todos entram no elevador que sobe sem problemas.
Um comentário:
Olha eu aqui...Na minha típica rotina de entrar no seu blog para conferir se há alguma novidade! E, hoje, ao entrar, tive uma surpresa...Um texto q. li em primeira mão...Lindo por sinal!
Viver realmente tem um novo sentido agora...Até para mim!
bjos
da sua maior fã...
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