3.9.06

Estado de emergência

Não consegui. O último belo passo faltou naquele salão onde meus pés grudam, onde a luz da TV me ilumina e onde a alegria parecia sem fim. Noite sem noite é assim, um resquício de algo bom que se perde em poucas horas e sobram apenas as engraçadas histórias e o arrependimento amargo. Já não é mais o meu lugar. Não me reconheço entre os meus. Uma vontade imensa de partir, desse lugar de sol fraco, de palavras limitadas, de falta de amigos sinceros, entendimento, de falta de tudo. Poderia ser fácil sumir pra rua de cima, me exilar dentro da própria cidade e esperar o sonho bom vir lá de longe consolar esse momento. Então volto às esperas e penso que isso não tem fim. A espera nunca tem fim. Como filme bom de final mal acabado, mas que ainda assim enche os olhos d’água doce e azul clara. É sempre assim e vai ser assim sempre. O fim do ciclo. Estava fácil demais, encontrei a pedra que vou ter que quebrar em milhares de pedaços. Se já não me entendem já não posso estar entre eles. Uma negação total do apoio, uma negação total daquela coisa que sentimos por quem amamos. Aquele olhar simplista para coisas complexas, ou o demasiado complexo para as certas coisas simples da vida. Não sou mais um. Não posso ser mais um. Dane-se a música, dane-se a minha falta de coragem, dane-se o fato de não poder me embebedar e curtir pelo avesso. Dane-se a falta de sensibilidade, de companhias agradáveis, de risadas sinceras. Danem-se todos! Basta esperar. Um dia eu tomo coragem e abandono. Um dia eu tomo coragem e chego junto. Um dia eu tomo coragem, me canso das esperas e pego o primeiro avião que passar.
Estou em estado de emergência.

Nenhum comentário: