12.9.06

Suspiros, interrogações, baús e tudo o que você quiser!

Eu esqueci de uma história que ela sempre me contava. Me lembro apenas da mesa, do suspiro doce e Biafra. Ando me lembrando de poucas coisas. Esses dias esqueci onde era minha casa e me lembrei que minha casa é onde estão meus sapatos. E já calçado, bem confortável, me lembrei que eu quero ser feliz e que cometeria a loucura que fosse, - a outros olhos – pra que isso passasse de desejo desejado a experiência bem vivida. Então me programei para amar, como te disse. Amar o amor tranqüilo, não aquele dos filmes ou que compramos em lojas de 1,99. Eu quero do amor e somente amor tranqüilo. Será que é demais? Tenho medo de exagerar no que quero, pois quando eu quero nada me satisfaz a não ser o que quero. Então querer é um perigo. Te querer é perigoso? Não sei, e se for, azar o meu, quem mandou dar uma de abelhudo e fuçar na sua vida? Eu sou assim, insaninho de palavras hábeis, coração na ponta da língua e língua no dedão do pé! Eu sou isso, percebe a dimensão da loucura? Hoje eu tô perguntador, né? Olha! Outra pergunta! O que é uma pergunta? Algo que vem antes da resposta? Bem, essa não é uma resposta, é outra pergunta. Então deixa a interrogação pra lá, eu não ando mais perguntando nada e prometo não te atormentar, tudo bem? Não tem jeito, outra pergunta. Deixa eu ver um assunto que te interesse... Adoro abrir baús velhos. Deixar aquele pó subir, tossir exageradamente e tirar de lá de dentro as coisas que muitas vezes são pessoas e pessoas que geralmente são pequenas coisas. Assim, eu serei um bom companheiro não só nas viagens à Plutão como para abrir com você os baús. Nos tornaremos os maiores abridadeiros de baús da região Sudeste. Digo Sudeste porque não quero ser pretensioso demais, vai que tem alguém no Acre medalista de ouro em abertura de baús? Outra pergunta! Desse jeito eu vou ser reprovado! E depois de esvaziar os nossos baús, a gente mergulha do alto de um lugar não muito alto (tenho horror a alturas altas). Não costumo largar a mão e mesmo que saiba nadar, tenho pavor a me ver sozinho no fundo. Então minha vida foi não mergulhar. Eu chegava até a beirada, olhava e desistia. Ou desistiam por mim, tanto fazia, a verdade é que não pulava. Mas também não vou falar sobre isso. São coisas bem passadas e que vão estar muito bem amarrotadas num dos baús empoeirados que quero abrir com você. Eu comecei dizendo que eu sempre esqueço das histórias e isso é verdade. Histórias são palavras e palavras se esquecem. Esquecem quando são ditas assim, por dizer. Mas essa história está pelo menos bem contada, não há porque esquecê-la, até porque é ela que vai me levar até a minha casa, meus sapatos e aquele sorriso cúmplice pela manhã.

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