16.1.07

Frágil parte de mim

Sabe quando se acorda desejando que quase tudo à sua volta fosse diferente? É o que tenho sentido nesses dias. Não sei o que Deus está tentando me provar me fazendo lidar com a frágil parte de mim. Sei que é preciso esse contato e esse vácuo para a tal evolução que dizem que precisamos. Mas confesso que estou um pouco cansado. Devo ser mais imperfeito que a média das pessoas para necessitar de tantas provações seguidas. Ou Deus está de brincadeira comigo ou está falando muito sério, e todas as duas alternativas são assustadoras. A coisa já tá até amarelada de tanto que falo. Virou coisa repetida, voz em disco arranhado, conversa pra boi dormir, conversa que nem cobra-cega, não sabe onde começa e onde termina. Essa é a lamentação da minha relação. Já falei dela, já chorei por ela, já repeti essa história tantas vezes que estou me calando. Tô acomodando tudo numa caixa grande de ferro e fechando a escotilha. Logo vou lançar ao mar, sinto isso. Vou ficar lá, chorando pateticamente a coisa toda afundando e levando consigo tudo o que imaginei pra mim, toda a razão e justificativas que precisava para concluir sorrindo quem eu era. Mas essa pode ser apenas uma visão romântica de tudo. É do homem agregar fantasias aos fatos. Meu encontro pode ter sido apenas um acaso, vasculhei tantos perfis, resolvi deixar um recado, ele respondeu e aconteceu. Sem poesia. Sem essa de destino, desse “te sentia mas não te conhecia”. Apenas um encontro. Apenas isso. Sei que não é o momento pra você ler uma coisa dessa. Mas até mesmo por estar vivendo o que vive hoje é que pode, numa busca desesperada, me dizer que estou errado. Agora eu o conheço mas não o tenho, não o sinto. O amor tem que ser constantemente cuidado, dia a dia, pequenas coisas, gestos, que vai fazendo que aquela atração louca negada a tantos, negada por tantos, continue viva. É preciso ouvir a voz, ler longas cartas, troca de fotos, de carinhos, promessas. Não tenho isso. Isso está sendo negado pra mim. Sei que não é por que ele não quer e talvez com essa dor eu pudesse conviver, afinal já senti dessas febres. Eu apenas amo uma pessoa que me ama e só. Mais nada existe. Existe o que temos quando estamos juntos, em três curtos dias de meses em meses, e só. Isso já não é mais uma relação, e assim, pouco a pouco, ela vai se perdendo. Tento fazer o caminho contrario. Juro que estou lutando com todas as minhas forças para não trancar a escotilha, mas não sei até onde posso agüentar. O tempo está passando e tenho apenas o vazio inesperado na minha frente. Me antecipo a esse vazio monstro ou espero ele me acariciar... ou engolir?

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