20.1.07

Quando fui chuva

Sonhei com você na frente de casa juntando água da chuva. Sonhei com você e eu era a chuva. Em potinhos coloridos você juntava a água que caia. Pois como chuva caída eu escorria e me perdia por todos os lados. Era chuva densa no céu, na terra eu era apenas um aguaceiro danado. Algo que podia estar em todos os lugares e ao mesmo tempo em lugar algum. Mas você e sua alegria, quase como uma brincadeira de criança, dessas mágicas que fazemos sem nem saber da seriedade do ato, me acumulou na forma de água que caía e então, de gota em gota, de parte em parte que se encontrava, você pode fazer com que eu fosse eu. As pessoas não devem saber a força da generosidade. Num mundo tão carente de tudo, tornou-se assistência social, boa vontade, quase como uma obrigação de sermos bons para mostrarmos o quanto podemos ser bons. A generosidade é mais que isso. A generosidade do meu amor é mais que isso. Quando alguém lhe vê caído, lhe estende a mão e ainda o deixa caminhar ao seu lado, isso é generosidade. O amor que hoje conheço tem dessas coisas: mão estendida, olhar atencioso, sorriso sincero, coragem e por que não, fé. A gente passa a vida fazendo o bem, vivendo amores que são apenas reflexos de boa vontade quando na verdade o que queremos, pelo menos era o que eu sempre quis, ter o que tenho hoje. A possibilidade, não. A realidade de um amor generoso que ama e que só por amar já se pode chamar de amor. Sem tempo. Sem lugar. E isso basta.

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