21.7.06

Cartas de amor II - Dos dias em que tive alguém para amar

Eu achei que sabia tudo de mim. Vi que não sabia nada.
Sei que você não me escreve cartas, e sei que jamais a irá escrever. O nosso tempo a gente inventa, e você inventou que ele acabou.
A você digo que vou. Aos outros digo que estou voltando. E não estou voltando por que a reforma acabou, ou por que a viagem terminou, ou por que me quiseram de volta. Estou voltando por que levei um pontapé na bunda e fiquei assim, na contramão do amor.
Podem ser palavras apenas. Pode ser que você nem leia isso, e que se ler, pode achar que é mais um de meus descontroles. Pode ser que isso te faça chorar. Pode ser que te faça ter a certeza de que sua decisão foi a correta.
Se a vida fosse fácil como empinar uma pipa no céu eu juro que a dor não seria tão viva e real como está sendo. Recolher umas dúzias de roupas, coisas minhas espalhadas pelos cantos, reunidas como se fosse possível me recolher e rejuntar meus pedacinhos. Porém não é tão fácil assim. Nem rir, nem fingir, nem brincar de contar estrelas. Nem cometer falsas loucuras querendo chamar a atenção.
Eu tô voltando. Sem grandes histórias, sem ressentimentos, apenas um punhado de lembranças boas, mas que de tão boas vão ficar guardadas longe do meu olhar e do meu coração.
E por falar em coração, esse se bate, bate descompassado. Bate sem saber onde tudo isso vai dar. Bate com medo de mim, já que não cuidei bem dele.
Na hora de partir lamentarei bem mais que essa hora. E se derramarei lágrimas, saiba que elas me inundarão por dentro.
Um último conselho, sempre ache que fez o certo, mesmo que tenha sido o errado.
Viva bem. Viva uma vida boa.
Tô voltando. Tem um mundo me esperando, e espero que de braços abertos. Não vai ser fácil, mas já tenho o Horacio. Bom começo.

Um comentário:

Anônimo disse...

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