10.7.06

O dia que pediram que aguardasse mais um dia ou a falta que faz um antivírus

Os meus heróis também morreram de overdose e eu também sempre precisei de um pouco de atenção. A vida é engraçada assim, nossos heróis morrem em tempos onde não sabíamos de todo o seu heroísmo e hoje me pego chorando por heróis que partiram antes mesmo que me desse conta de que precisaria um dia de heróis para continuar.
Nesse loucura toda, nessa fúria que me toma ainda que de forma sutil, eu não sei mais o que pensar, o que dizer, o que fazer e o sentir vai ficando assim, meio plástico, embalado em aconchegantes plásticos bolha. A folhinha vai passando, os dias vão caindo e a espera de novas boas noticias continua.
Eu tenho o direito de ter o meu dia de fúria e mandar a serenidade para o espaço. Se o momento de paz que tenho vivido nesse último mês é sincero, então a minha fúria e ódio também são. Mandar tudo pra puta que o pariu, desse jeito, mandar tomar no cu e o “iscambal”. Cadê a poesia? Socada numa bunda qualquer que senta apoiando os risos falsos, as felicidades amarelas, coisas limitadas e tristes vidas longas mal vividas.
Enfio o dedo na cara sim, faço deboche, sou mimado e quero confete. Quer mais? Sinto inveja, sinto dor, me reviro pelo avesso pra aparecer bem, ou melhor do que estou, pra fazer com que os que gostam de mim se sintam bem e tranqüilos. Mando à merda mesmo, já que vivo desculpando, já que vivo aceitando que as coisas podem ser melhor, porque não posso cometer erros também? Por que não posso palavriar e escrever palavras não tão belas como girassol, borboletas azuis ou pôr do sol?
Eu não me entendo as vezes e em outras até demais. Não sei compreender as coisas. Não sei se estou me afastando dos meus amigos ou eles de mim. Não entendo essa vontade de ficar socado dentro de casa, no olhar atendo dos meus heróis que não morrem nunca se também mora em mim esse desejo de um anjo chegar em casa e me tirar desse marasmo. Carência? Ache o que quiser, anota ai: além de tudo CARENTE! Sou mesmo. Gosto das pessoas na minha volta, gosto das pessoas gostando de mim assim como gosto de gostar das pessoas e de girar em torno delas como um satélite feliz. Não há problema algum em “confeitiar” quem gosto. Os que não gosto ou gosto pouco, fodam-se!
É um conflito diário e isso que estou fazendo agora está mais com cara de faxina do que sentimento sentido. Mas ainda que retardado eu quero entender porque tem que ser assim. Eu não estou bem e as únicas pessoas que percebem isso são meu anjo-mãe e meu fofo-pai. Não preciso dizer nada, absolutamente nada. Eles sabem. Eles me amam. E o que mais me dói é que percorri o mundo, e ainda insisto em o percorrer, atrás de amigos sinceros que possam fazer por mim sem que eu peça sendo que os que preciso de verdade estão lá na sala assistindo novela e brigando pela falta de dinheiro. E pode ser careta, então anota também pra não esquecer: CARETA! É isso mesmo, não há amigos como nossos pais. Não é uma verdade matemática e por isso lamento pelos que não podem fazer tal constatação. A esses, lança-se a sorte de nesse mar de futilidades, de coisas passageiras, encontrar pessoas que realmente os amem, os aceitem, os precisem, sejam precisados e chamados de amigos. Eu tenho o meu pai e a minha mãe, de quebra mais dois daschunds lindos, queridos, que me mimam e me adoram sem que eu precise dar um telefonema, deixar um recado na caixa postal ou fazer convites. Eles me amam.
Isso não é recado, nem indireta. Então relaxe se acredita que isso é pra você. Seja lá quem for, és pretensioso demais. Estou escrevendo essas palavras exacerbadamente sinceras pra mim mesmo, sem direito a réplica. Então não esquenta a “piriquita” e continua lendo sem medo. Já sofri muito por outras pessoas e agora estou sofrendo por mim.
É, estou sofrendo. Não sei o que significa isso no dicionário, mas eu sei que sofrer é sentir falta, é ter medo, é viver com a dor física e a dor do que não se pode tocar. Minha mãe ensinou que é feio assumir coisas assim, há coisas que devemos manter em segredo, agüentar firme e sorrir pra sair bem na foto. Mas não tenho nada mais a esconder. Só assim saberei quem é meu amigo, quem me ama, quem me quer. Seleção Natural. Gosto disso. Apesar de seleção soar burguês, e pela vida que vivo eu devo ser um pouco burguês, vou selecionar meus amigos como verduras. Só as “fresquinhas” vão pra casa. Fora os podres e os estragados! Chega! Bando de gente inútil que não acrescenta nada nem a si mesmo. E ainda tenho que conviver com a piedade, porque é o que fazem, lêem um troço desse que estou escrevendo e ainda sentem dó de mim. Se for meu amigo me liga e não diz nada, ou melhor diz o seguinte: “Vai tomar no cu! E se arruma que a gente vai no cinema!”. Ótimo! Mas se vier perguntar como estou me sentindo pode ser, dependendo da pessoa, já que algumas possuem crédito inestimável comigo, pode sair com uma resposta que não gostaria de dar.
Se tenho que conviver com os meus medos que é morrer, sentir dor e ficar sozinho, então vou selecionar mesmo, o que de pior poderia me acontecer? Sei que poderia ser pior, tenho total consciência disso, mas o que já está acontecendo, nessa espera de palavras, de gestos, de exames que nunca ficam prontos no dia exato e pedem que o paciente aguarde paciente mais uns dias pois o seu exame, por inúmeros motivos que não podemos dizer, terá de ser reavaliado e só assim poderemos confirmar a péssima noticia. É isso! Simples assim como dizem os vazios. Então quando alguém mandar você esperar por um exame importante que vai dizer quanto tempo mais você terá pra escrever, pra curtir seus pais, seus cachorros, fazer amor com o namoradinho engomadinho e comer aquela gostosa do trabalho, quanto tempo terá pra não se cansar de cinema, pra dizer adeus e pra perguntar “qual o seu nome?”. Quando te pedirem isso então você manda tomar no cu, ir à merda, pra puta que o pariu, assim como faço, de forma educada, não direcionada, sem dedo na cara. Diga pra você, grite dentro de você e com certeza sentirá bem melhor.
Sempre soube que havia limites para as pessoas e que algumas insistem em ultrapassá-lo. Ai são chamados de malucos, marginais, escoria, chatos, amargos, delinqüentes. Se for me enquadrar, me enquadra como maluco, gosto de alimentar essa hipótese. E se já não há mais nada a esconder é porque passei dos limites da dada normalidade. Eu assumi tantas coisas na minha vida, defeitos, realidades, fatalidades então pra que esconder mais? Não ser desagradável? Pode ser, mas sinto muito se a necessidade de ser sincero é maior e mais forte que ser agradável. O agradável é chato, fraco, limitado, tem o sorriso feio, o cabelo feio e o olhar vazio. O agradável é um falso, porque no mundo em que a gente vive é impossível ser agradável, só pensa em si pois não quer ouvir do outro quem é. E não há melhor maneira de fazer isso do que se viciando em política da boa vizinhança.
Não vou esculhambar mais ninguém. Mesmo quando me pedirem de joelhos: “me esculhambe bonitinho, please”. Não! Chega chegando, meto o pé na tua porta e te mando pra longe de mim. Vou colecionar a opinião que tenho de você, e de você, de você e daquele e vou guardar tudo pra mim. Se vê maldade no que falo, isso não sou e não assumo: MALDOSO, então não sabe ouvir e o que eu vier a dizer vai ser pura palavra furada como remédio de farinha. Placebo total!
Mas a mim, alguns selecionados, bem selecionados, poderão esculhambar. Adoro! Sou um sádico por palavras sinceras, doloridas e que machucam. Nada vai me machucar mais do que essas siglas todas que estou tendo que conviver. Então eu posso jogar uma pedra no meio da noite na tua janela, mandar você descer e chutar bastante a minha bunda. E chutando pra dizer que estou no caminho errado, que a coisa tá preta e que tenho que tomar decência. Apesar da arrogância toda que demonstro nesse texto em forma de monstro eu sei quando estou errado e isso acontece muitas vezes. Eu sou isso. As vezes eu também sou isso.
Faz dois meses. Dias inesquecíveis e lentos. Um dia lá em cima e o outro na angustia da espera. Não é tão fácil como o meu sorriso pode demonstrar. Se gostas mesmo de mim, leia e atente. Não faltarei em dias difíceis, se for um selecionado. E se ainda não consegui dizer é porque tá engasgado no fígado. Na dor do dia-a-dia, no fim, no escuro e nas durezas todas. Não sou melhor e nem pior, por isso meu exagero com as palavras, eu sou mesmo exagerado. Há tempos são os homens que adoecem. E eu não sou mais uma criança. Não sou um herói. Sou apenas um homem.

3 comentários:

Anônimo disse...

Então vamos lá... estravaze, grite mesmo (ainda que seja em silêncio), mas não deixe de sempre lembrar o que vc é. Eu não esqueci. Não vou esquecer. Te quero por perto, preciso ser selecionado. Escalado. Escolhido. Colhido. Assim quem sabe eu tb não esqueça quem sou... Beijos.

Anônimo disse...

Gosto, não gosto, me indentifiquei, depois não, depois sim novamente, e de novo não.

Sangue, merda, abraços e murros, tem de tudo aqui, pra mim, pra voce e pra quem merecer. As vezes me preocupo e as vezes comemoro.

As vezes amo-te e outras vezes tambem, é o que me deixa aqui, me manda ali, me leva lá e me permite viver ao seu lado. Sorte ter conhecido e amado tudo de bom e de ruim que voce representa. Daí nasceu meu amadoamigo e meu eterno amor.
Conheço o que de bom e de ruim sua presença representa e querê-lo ainda mais, ainda assim é o que posso escolher por dizer amo-te.

Porque dessas vidas não sei nada e entre certos e errados, lúcidos e lunáticos, vivos e mortos escolho os que amo. Porque os amo e o resto será sempre resto.

Amo-te

ETN

Meu Beijo
Ri.

Anônimo disse...

queria ter lido isso antes te ter combinado um cine com vc ontem...
assim não teria sido somente um cine de quarta feira + barato e sem pipoca, mas com maconha na cabeça
teria sido um filme menos 'eu' e com + pontapés na tua bunda branca e caida!!

de qq forma foi o q foi e não se calou. o q virá será e tb dirá!

o q gosto disso tudo é q tu já é! outros filmes virão com pipoca e sem maconha, ou vice versa!

com pontapés na minha ou na tua bunda (hummmm, adowro).
com conversas ou silêncio, vontade de comer mc's... whatever

mas presença!!

te admiro, sis.

TUI