17.4.06

A busca pelo lado bom de Zion

Eu lembro daquela noite em que esperava pra ir embora. Sentado no chão frio, blusa cobrindo os joelhos encolhidos. Pés e dentes batendo. Estrelas no céu e uma linha vermelho-rosa do outro lado da praça.
Nunca desejei tanto os meus lençóis claros como naquela quase manhã. E foi quando pensei em você, quando você ainda nem existia. Não era bem você, e sim uma forma, algo parecido. Não era uma pessoa, eram ideais. Você em forma de ideais. E que mais que me dissessem que tal busca era em vão, por mais que pobres meninos insanos e inconseqüentes quisessem com suas fúteis atitudes provar todo o contrário, eu sabia ser possível te encontrar.
Quando abriu a porta do lado claro de Zion pude lhe ver, e de certa forma, ver a mim mesmo. Acontece que não sou vampiro, há um segredo que não te contaram. Existem anjos caídos que sofrem dos mesmos males, que derramam as mesmas lágrimas de sangue quando amanhece. Sou um deles. Abatido e perdido pelas vielas escuras do lado cru de Zion. Aquele lado que vocês temem e tanto o recusam.
Tente recusar só aquele imundo lado, mas não recuse a mim. Sou mais que isso. Posso ser mais.

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