22.4.06

Por isso é azul!

Começa sempre assim. Um canto, junção de duas paredes. Ângulo de 90°. Junta a outro canto de 90°, e depois a outro e outro por fim. Pronto, formou-se o quarto vazio onde ele se esconde do mundo ou onde o mundo se esconde dele. Sem sonhos, planos definidos, ele apenas bate forte na porta. Achavam que ele queria entrar, estavam errados, todos errados, ele quer sair. Ele não alcança a alavanca para dar a corda. Precisa que outro faça isso por ele, mas quem? Ele tropeça sempre na mesma pedra, e sempre chora por isso. Havia um lugar onde fitinhas multicoloridas enfeitavam os cabelos. Havia um lugar onde a tristeza era um combustível, onde se enganar era a melhor forma de ser feliz. Havia um lugar e nele tudo podia acontecer. Inclusive o nada. Nesse se perder e se achar e se perder de novo, ele perdeu a conta das perdas. Ele perdeu a conta das pedras. Ele perdeu a conta de quantos pedaços seus levaram embora. Sem auto-piedade, pois isso nunca combinou com ele. Sem essa de frases sussurradas, lágrimas de canto de olho. Se não há alguém para a dar a corda, basta se encostar no canto, reclinar sobre a parede, lembrar que o branco é presença. Pega o giz azul e pinta, pinta toda a parede. Todinha de azul.

Um comentário:

Anônimo disse...

E o azul é calma.
O azul traz tranqüilidade para nossas vidas. Para todas as vidas.

E se eu entrar aí... eu chuto essa alavanca.
De ponta-cabeça. E chuto.