19.4.06

Nossa história (aquelas coisas do ano que passou)

FADE IN:

EXT. PORTA DO BAR – DIA
BRENO se protege da chuva debaixo do pequeno toldo.

BRENO (V.O.)
Eu ainda procuro saber a razão que leva uma pessoa entrar na vida da outra. A razão que nos faz desviar de nosso caminho. Há alguma explicação que faça com que nosso coração dispare assim que surge aquele que em poucas horas, dias, meses e anos, irá mudar a nossa vida. Entrei na vida dele. E ele entrou na minha. Se ficou ou não eu ainda não sei dizer. Talvez ao fim disso que estou lhes contando, eu tenha uma resposta.


INT. QUARTO – DIA
Breno e DANILO deitados na cama olhando estrelinhas coladas no teto.

BRENO
Não posso mais mentir pra vc.

DANILO
Pensava em lhe dizer o mesmo.

BRENO
É difícil, mas é o que temos que fazer.

DANILO
Eu sei.


EXT. ABISMO – DIA
Breno e Danilo separados por um grande abismo.

BRENO
Sinto que estamos tão perto e tão longe ao mesmo tempo.

DANILO
Perto demais?

BRENO
Longe demais.

DANILO
Foram dois anos.

BRENO
Intensos.

DANILO
Sentirei sua falta.

BRENO
Também.

Fica cada um, do seu lado do abismo.


EXT. PÁTIO COM AMARELINHA – DIA
Breno pulando uma enorme amarelinha sem fim.

BRENO (V.O.)
Odeio despedidas. Não gosto de cortar laços. E cada despedida é um laço interrompido. Ele pode ser reatado ou não, na dúvida, eu prefiro odiar despedidas. Tão pouco gosto de odiar coisas. Nunca é bom cultivar ódios. Até porque eu gosto demais de uma porção de coisas, sobretudo, de pessoas. Não há nada que me fascine mais do que a sensação de conhecer alguém. Saber o nome, depois o sobrenome, o tipo de música que lhe agrada, a cor preferida das meias, as viagens que fez, se prefere azul ou vermelho, e quando se vê, a tal pessoa faz parte da sua vida.


INT. SORVETERIA – NOITE
Breno e MIGUEL conversam na sorveteria.

BRENO
Tenho que lhe contar algo. Não foi você apenas que saiu de um relacionamento.

MIGUEL
Como assim?

BRENO
Acabei de terminar com uma pessoa.

MIGUEL
Por minha causa?

BRENO
Não. Já havíamos rompido, era uma questão de oficializar. É claro que desde domingo, quando te encontrei, tive mais coragem para fazê-lo.

MIGUEL
E porque não me disse que havia alguém quando nos conhecemos dias atrás?

BRENO
Pelo mesmo motivo que você.

Miguel sorri.

MIGUEL
Gosto de você também.


EXT. BALÃO – DIA
Breno e Miguel sobrevoam a cidade de São Paulo a bordo de um balão.

BRENO (V.O.)
Há uma incrível coincidência nisso tudo. Talvez, mais um desses macetes do destino. Eu e o Miguel já nos conhecíamos. Trabalhamos no mesmo lugar um tempo sem que tivéssemos trocado uma só palavra. Sem um motivo que justifique, nunca havíamos nos falado até aquele domingo onde nos reencontramos num acaso.

BRENO
Eu achava que você nem sabia quem eu era.

MIGUEL
Eu achava o mesmo.

BRENO
E mesmo assim, quando eu o vi pela primeira vez, não sei dizer, eu sentia que estaríamos aqui.

MIGUEL
Eu também!

BRENO
Mentiroso!

MIGUEL
Ahahahaha, tudo bem, eu não achava. Mas depois fui lhe percebendo e aqui estamos.

BRENO
Você parecia tão longe e agora aqui, tão perto.

MIGUEL
Perto demais.


CONTINUA... SERÁ?



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