24.4.06

...tudo mudou quando você sorriu pra mim.

Eram dias azuis. Dias repetidos. Um atrás do outro. Uma dor dura no peito. Uma dor por saber o que não se deve. Tem invernos que é melhor dormir. Tem histórias que não se deve lembrar. Faltava a luz nos dias azuis.
A escolha do meu caminho não foi difícil. Foi inconsciente. A permanência nele também não. Foi desejo. A saída foi dolorida. Suspirei por perdas irreparáveis. E sobre as minhas escolhas vi refletido a imagem de alguém eternizado por suas escolhas. Quando a gente passa pro outro lado da tela, e vê no contrário o mundo que lhe foi apresentado, um misto de alivio e tristeza nos toma. O alivio de ser liberto e a tristeza de ter se perdido para sempre.
E quando não há mais nuvens e nem estrelas e nem pipas e nem pássaros, as razões se perdem. Quando não se consegue lidar com as pessoas, quando as pessoas não sabem de desvirar, é hora de partir em busca de si mesmo.
Tudo o que fiz foi por amor. Foi essa a primeira frase que disse para a terapeuta de cheiro bom e cabelo engraçado. É assim que eu começaria um livro sobre a minha vida. Uma frase brega, amarela, rascunhada, quase copiada. Eu que me achava um quadradinho complexo, aprendi que era muito mais simples do que me fizeram crer. E aos poucos as borboletas azuis me trouxeram uma alegria antes contida lá na infância. Nos desejos pequeninos, minúsculos sabores. Um mundo de brinquedos e doces e aventuras memoráveis.
Mas isso sempre se partia em muitos pedaços. “A pessoa é para o que nasce” e acreditei que essa era a sina a mim traçada. Já não sorria. Não brincava. Um brilho perdido. Um brilho eterno em pedaços fincado em algum lugar do escuro caminho. E nessas idas e vindas, mais idas do que vindas, perdi completamente o senso de amizade, companheirismo, alegria de conviver em dois, três, quatro ou feliz turminha. Perdi coisas demais. Coisas só minhas.
Silenciou dentro de mim as belas crenças e fui tomado por desejos momentâneos e falsas ilusões. Me deixei perder em braços desconhecidos. Deixei acreditar em quem não devia, e esperei por horas, dias, meses um sonho bom que nunca veio me buscar. Era um sempre voltar pra lugar nenhum. Um soco no peito oco. O coração vomitado guardado no congelador. O olhar pausado na velha foto. E as magoas que acumulavam.
Sonhei com dias melhores. Sonhei com pessoas queridas, com situações imaginárias. Eu me inventava ao seu lado. E inventava outros. Criava situações como num filme. E eu era feliz. Feliz sonhando que gostavam de mim como eu era, e que não pediam nada em troca pra isso. Uma brincadeira solitária e o que mais me alimentava a crer, ou voltar a crer, era que um dia a luz se ascenderia.
Ele dizia: “Se a paixão fosse realmente um bálsamo, o mundo não pareceria tão equivocado. Te dou carinho, respeito e um afago, mas entenda, eu não estou apaixonado. A paixão já passou em minha vida, foi até bom mas ao final deu tudo errado. E agora carrego em mim uma dor triste e um coração cicatrizado. E olha que tentei o meu caminho, mas tudo agora é coisa do passado. Quero respeito e sempre ter alguém que me entenda e sempre fique ao meu lado. Mas não, não quero estar apaixonado”.
Essa foram as palavras que me fizeram sobreviver no caminho meio claro e meio escuro que ligam as duas Zion.
E foi quando você abriu os portões e sorriu pra mim, que soube que era você. Por isso o passado não importa mais. O importante é saber o quanto ilumina minha vida com o que acredita. Como me devolve o que roubaram. Você me presenteia com algo simples e puro que fui procurar em imundos cantos.
Sinto que voltei pra casa. Pro meu abrigo. E um dia, espero que você consiga ver tudo isso.
Te Amo... Da forma que sei e da forma mais especial que amei alguém.
Não esqueça disso.

Um comentário:

Anônimo disse...

oie..faz mó carra que naum entrava aqui vim só deixar em bjs !!!
rsrsrsr naum deu tempo de ler o texto tó gripado...amanha eu leio!!!